A droga é um dos temas que mais preocupa a sociedade, desde o indivíduo no meio social até os poderes públicos, pois é uma consequência que não envolve sempre a classe baixa, mas também afeta famílias de classes média e alta. Sabe-se também que o público-alvo das drogas são os adolescentes, ocasionando assim violência, desestruturação familiar entre outros (Aquino, 1998).
Na fase da adolescência é onde o indivíduo se sente com liberdade de expressão, apesar de ser um período de perdas marcantes, pois está saindo de um contexto familiar onde era tratado como uma criança, necessitando de afeto, atenção e cuidados, para um mundo onde o que mais importa é o que está fora deste contexto, é o novo, o diferente (Aquino, 1998).
Para o adolescente não existe passado e nem futuro, o que lhe importa é o que está vivendo naquele presente, e com isso traz consigo consequências nem sempre favoráveis, podendo chegar a um ponto que não tem mais volta (Aratangy, 1999).
Com toda esta mudança na vida de um adolescente para o mundo adulto em uma sociedade, isto pode significar revoltas, impertinência e delinquência, e assim abrindo espaço para as drogas (Lescher, 1996).
O adolescente começa a utilizar a droga, às vezes por simples curiosidade através de amigos, para saber qual a sensação que lhe proporciona o que pode despertar tão grande prazer que, depois da primeira vez, tornar-se difícil abandoná-la (Aquino, 1998).
No entanto, para os adolescentes o uso de drogas está relacionado à vontade de experimentar, para mostrar aos amigos que também consegue, porque é proibido, para curtir a noite, buscar a felicidade, divertir-se, aliviar os sofrimentos, fugir da realidade em que vivem, sentir-se melhor (Salles, 1998).
A descoberta das drogas se inicia quando o adolescente se afirma no meio escolar, começando o processo de socialização e interação com novos amigos (Lorencini, 1997).
Sabe-se que na juventude o indivíduo faz uso indevido de substâncias lícitas e ilícitas, por achar que é apenas experimentação. Nestes casos, começa a usar o álcool, o cigarro, e às vezes chega às drogas sem nem mesmo perceber (Fleig, 2005).
Segundo pesquisas, o excesso de álcool e cigarro, comparado à maconha e à cocaína, pode provocar prejuízos à sociedade, nas relações sociais do indivíduo com a família, com o trabalho e com a escola (Lorencini, 1997).
Existem vários recursos eficazes que se articulam entre profissionais e adolescentes que permitem bons resultados, quando há possibilidade intervenção: acompanhamento terapêutico, escuta singular, a internação hospitalar, o contato com a família, os recursos socioeducativos e culturais, entre outros (Carlini, 1997).
A escola tem se constituído um espaço favorável para a prevenção das drogas, devido a intensa preocupação com o seu avanço, sendo o objetivo centrar na consciência de que quanto mais realizado o indivíduo estiver, menores as chances de se envolver com as drogas (Carlini, 1997).
Para isso, é necessário atenção de profissionais da área da educação, saúde e principalmente de governantes, que têm o dever de oferecer um futuro com melhores condições para os jovens, sendo importante que este tema específico das drogas seja discutido desde as primeiras descobertas do adolescente, seus prejuízos, suas perdas, podendo assim ser implementadas medidas preventivas (Salles, 1998).
Sendo assim, a prevenção ao uso de drogas nas escolas ou em qualquer instituição tem o objetivo de levar as informações corretas e não preconceituosas, abrindo canais de participação entre os adolescentes, esclarecendo quais os tipos de drogas, seus efeitos e consequências na vida do indivíduo (Aratangy, 1999).
1- Abordagens Médico-Farmacológicas:
Incluem hospitalização para desintoxicação e tratamento de doenças relacionadas à dependência; tratamento psiquiátrico convencional; cirurgia cerebral (lobotomia); uso de drogas psiquiátricas; tratamento não-psiquiátrico com clínico geral; terapia de manutenção com opiáceos e terapias com antagonistas.
2- Abordagens Psicossociais:
Incluem psicoterapia psicanalítica; psicoterapia de apoio; psicoterapia e orientação familiar sistêmica; terapia comportamental; psicoterapia de grupo (comportamental, centrada na pessoa, psicanalítica) e, ainda, aconselhamentos baseados no uso da autoridade racional (Milby, 1988).
Nas abordagens psicossociais há duas direções principais no tratamento dos fenômenos relacionados ao consumo de substâncias. A primeira é a abordagem psicodinâmica, de acordo com a qual o problema com drogas é uma manifestação externa das perturbações psicológicas do usuário, ou seja, uma neurose.
A segunda considera como aspecto central o comportamento relacionado com a procura e utilização de substâncias psicotrópicas. A partir dessas concepções são desenvolvidos vários modelos de tratamento, de organização de serviços assistenciais e de treinamento de profissionais (Milby, 1988).
Os terapeutas podem tratar os pacientes segundo enfoque psicodinâmico e realizar pesquisas sobre tratamento segundo abordagens biológicas e comportamentais.
Segundo Marlatt e Gordon (1993) a abordagem da Prevenção da Recaída tem como objetivos: modificar as crenças e expectativas acerca do uso de droga; identificar e antecipar as situações de risco para a recaída; aprender habilidades e estratégias de enfrentamento e de manejos de situações de risco e promover amplas modificações no estilo de vida dos pacientes.
Conforme cita Marlatt e Gordon (1993) foi criada a abordagem Prevenção de Recaída para o tratamento dos comportamentos aditivos, alicerçada nos princípios da teoria do aprendizado social de Bandura e na Terapia Cognitivo-Comportamental.
Trata-se de um programa de autocontrole que propicia aos indivíduos o movimento para uma posição onde são mais capazes de assumir responsabilidade pelo seu processo de mudança. Também é dedicado à melhora do estágio de manutenção do processo de mudança de hábitos, e visa a ensinar os indivíduos a lidar com o problema de recaída, destacando, para tal, a importância dos processos cognitivos e do autocontrole. Esse modelo focaliza-se, principalmente, nos comportamentos (Marlatt & Gordon, 1993).
As estratégias de treinamento de habilidades introduzem respostas cognitivas e comportamentais para o enfrentamento de situações de alto risco (Marlatt & Gordon, 1993).
Destaca Beck (1999) que os estímulos de alto risco são disparadores, internos e externos, que motivam a pessoa dependente a usar drogas. A identificação destes estímulos, por parte do paciente, lhe possibilitará examinar as suas crenças sobre as drogas e o ajudará a praticar estratégias para enfrentá-los.
Ainda diz Marlatt e Gordon (1993) que o programa de modificação no estilo de vida busca oferecer um melhor equilíbrio entre as fontes de estresse e o repertório de respostas de enfrentamento na vida do cliente.
Há três maneiras de adquirir-se uma melhora transituacional da capacidade de enfrentamento: pela introdução de atividades novas e gratificantes no estilo de vida do indivíduo (exercícios e relaxamento, por exemplo); pelo senso de aumento da auto-eficácia devido ao domínio de novas habilidades de enfrentamento no estilo de vida; e pela variedade de efeitos benéficos para o bem estar físico e subjetivo do cliente, adquiridos pela prática regular de exercícios e relaxamento (Marlatt & Gordon, 1993).
3- Abordagens Socioculturais:
Englobam as metodologias seguidas pelas Comunidades Terapêuticas e os Grupos de Narcóticos Anônimos.
A concepção fundamental, na abordagem sociocultural, é a da utilização de atividades grupais que visam estabelecer um ambiente terapêutico (socioterapia), que, por sua vez, viabiliza a consecução dos objetivos de tratamento. A ênfase recai sobre os processos de socialização e na manipulação destes. Nessa abordagem, destacam-se as Comunidades Terapêuticas e as Comunidades Autônomas. A tônica básica da recuperação é atribuída à abstinência. O uso de drogas e a violência física entre os residentes são proibidos.
Os membros admitidos no programa ocupam-se com tarefas de arrumação, práticas esportivas, atividades físicas, artísticas e reuniões terapêuticas. Infrações disciplinares estão sujeitas a punições, e comportamentos adequados são reforçados pela aquisição de mais prestígio social, o que significa maiores responsabilidades, privilégios e poder social institucional. Os residentes, chamados de comunitários, participam da elaboração dos regulamentos, incluindo as condições de admissão e desligamento (Milby, 1988).
Solicita-se aos comunitários a participação nas atividades gerais e nos grupos terapêuticos. Valoriza-se a franqueza e a exposição de atitudes e comportamentos passados e atuais. Estes são objeto de análise e crítica pelos demais.
4- Intervenções Baseadas em Abordagens Religiosas:
Às vezes, nessas abordagens, inclui-se o trabalho de médicos, psicólogos e assistentes sociais, mas o enfoque institucional básico é a doutrinação religiosa e o aconselhamento espiritual. Há, no Brasil, várias instituições de caráter religioso atuando na recuperação de drogados. O modelo de trabalho adotado difundiu-se para outros centros de recuperação do País. A entidade, apesar de ter fundamentação religiosa, conta com os serviços de uma equipe multiprofissional (Milby, 1988).
A espiritualidade é uma poderosa dimensão da experiência humana e tem se apresentado com crescente importância e diversidade no mundo em constantes mudanças no qual se vive hoje. Entretanto, por longo tempo foi rejeitada na prática clínica de psicoterapeutas e médicos, impedindo-os de enxergar sua vital importância na compreensão do cliente como um todo (Bruscagin, Savio, Fontes & Mendes 2008).
Bucher (1985) comenta que essas formas de atendimento, “práticas de desintoxicação pela religião”, são uma variação do modelo comportamental. Elas preconizam uma disciplina rigorosa e estabelecem um estrito controle sobre os sujeitos, que aceitam o confinamento em sua instituição. Nesta perspectiva religiosa os usuários são submetidos a uma lavagem cerebral, que lentamente os transforma em pessoas menos agressivas.
Assim sendo, pôde-se verificar que estas abordagens ainda vivem uma carência, precisam ser encontradas novas estratégias de pesquisas e de abordagens específicas para conduzir estes indivíduos a uma cura definitiva, ou seja, obterem uma melhor qualidade de vida.
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