13 princípios que podem servir de base ou guia na hora de avaliar serviços de tratamento.
Não existe “o melhor tratamento”, existem práticas mais eficazes que outras. Os indivíduos podem desenvolver dependências por vários motivos, então não há como estabelecer um protocolo de tratamento universal.
O tratamento deve estar disponível prontamente. A motivação para o tratamento é a maior dificuldade no tratamento das dependências. Ter um serviço pronto para receber o dependente no momento em que ele está disposto a deixar a substância é fundamental.
O tratamento efetivo abrange todos os aspectos da vida do indivíduo, não apenas a dependência química. O dependente químico é um indivíduo que desenvolve vários papéis: na família, no trabalho, no estudo, na sociedade. Atender essas necessidades é importante para garantir a recuperação.
O tratamento do indivíduo deve ser avaliado continuamente e modificado quando necessário para garantir que o plano esteja adequado às necessidades. Com o passar do tempo, o plano deve ser readequado e as estratégias, repensadas. A abordagem deve ser adequada à idade, gênero, cultura e situação social da pessoa.
Permanecer no tratamento pelo tempo adequado é um fator crítico. As pessoas geralmente abandonam o tratamento prematuramente, portanto os programas devem possuir estratégias para aumentar o engajamento e manter os pacientes no processo.
Aconselhamento (individual ou em grupo) e outras terapias comportamentais são componentes críticos de um tratamento eficaz para a dependência. A terapia tem como objetivo resolver questões de motivação, ajustamento, treinamento de habilidades e melhorar a capacidade de resolução de problemas. Também facilita as relações interpessoais e a convivência em comunidade.
A medicação é uma parte importante do tratamento para muitos pacientes, especialmente quando combinada com aconselhamento e outras terapias comportamentais. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a medicação pode ajudar na promoção e na manutenção de abstinência para muitos pacientes. Para pacientes com outros transtornos mentais, tanto a terapia quanto a medicação são fundamentais.
Indivíduos dependentes ou abusadores de drogas com comorbidades devem ter as duas condições tratadas de forma integrada. Geralmente, a dependência química está associada a outro transtorno clínico (p.ex.: depressão, transtorno bipolar I ou II, esquizofrenia) ou da personalidade. Mais que determinar quem veio primeiro, é importante tratar de forma integrada o indivíduo (ao contrário do tratamento da condição por si só).
A desintoxicação é apenas o primeiro passo do tratamento da dependência e, sozinha, tem pouco efeito no longo prazo. A desintoxicação, com uso de medicamentos para eliminar sintomas agudos de abstinência, é extremamente recomendada para algumas pessoas mas não garante a abstinência no longo prazo.
O tratamento não precisa ser voluntário para ser eficaz. Esse é o princípio mais polêmico. O uso de drogas afeta a motivação pessoal. Estudos não encontram diferença no longo prazo entre pessoas que buscaram a abstinência por conta própria ou aquelas que foram levadas a tratamento por suas famílias ou pelo sistema judiciário.
É possível que haja algum uso de substância durante o tratamento e isso deve ser monitorado constantemente. Lapsos podem acontecer durante o tratamento, o que justifica o monitoramento constante (inclusive através de testes de laboratório). Pacientes que tenham recaídas devem usar esses episódios para aprenderem a conviver com a proximidade das drogas mantendo uma distância segura.
Os programas de tratamento devem avaliar HIV/AIDS, hepatite B e C, tuberculose e outras doenças infecto-contagiosas, bem como prover aconselhamento para evitar ou modificar comportamentos de risco. O aconselhamento pode ajudar os pacientes a evitar comportamentos de alto risco (compartilhamento de seringas ou cachimbos, sexo sem proteção). Além disso, é importante auxiliar as pessoas que já convivem com essas doenças.
A recuperação da dependência química é um longo processo e frequentemente requer vários episódios de tratamento. Como outros pacientes crônicos, dependentes químicos estão sujeitos a lapsos que podem acontecer após períodos de sucesso do tratamento. O acompanhamento de longo prazo, em grupos de auto-ajuda e aconselhamento, pode aumentar o sucesso do tratamento e diminuir as chances dos lapsos se tornarem recaídas.
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