Psicologia


Piaget e os Estádios de Desenvolvimento...


   A noção de estádio, de um certo modo, surge como instrumento de análise, indispensável para a explicação dos processos e características que se vão formando ao longo do desenvolvimento das crianças, ou seja, os sucessivos ajustamentos da criança ao meio devem interpretar-se em função desses mesmos estádios.
   
Estádio Sensório-Motor (0 - 2 anos)

  Caracteriza-se pelo desenvolvimento do recém-nascido que é descrito como o período de adaptação ao mundo exterior. É a fase em que predomina o desenvolvimento das percepções e dos movimentos. Neste, a criança não se distingue dos objetos que a rodeiam, nem compreende as relações entre estes. Ela gere os seus próprios reflexos inatos e transforma-os em ações de prazer ou interesse.
  Neste período, a criança começa a tomar consciência de si como uma entidade física separada. O seu desenvolvimento físico é acelerado, enquanto o desenvolvimento ósseo, muscular e neurológico permite a emergência e novos comportamentos, o que propiciará um domínio maior do ambiente.
   O indivíduo adquire o conhecimento por meio das suas próprias ações. Pensa-se que o contacto com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.



Principais características observáveis durante este período:
  • a exploração manual e visual do ambiente;
  • a experiência obtida com ações;
  • ações como agarrar, sugar, atirar...;
  • as ações ocorrem antes do pensamento;
  • a centralização no próprio corpo;
  • noção de permanência do objeto;



Estádio Pré-Operatório (2 - 6/7 anos)


   Este é o período da preparação e da organização da inteligência operatória concreta. A criança já deve ser capaz de manipular o seu ambiente simbólico através das suas representações ou pensamentos acerca do mundo externo. Ela aprende a representar os objetos por palavras e a manipular as palavras mentalmente. Há consideráveis mudanças físicas e a maturação neurofisiológica completa-se. Os esquemas de ação são substituídos por esquemas de representação, assinalando o início da inteligência representativa ou pensamento. 





Este período divide-se em 2 subestádios:

Pensamento simbólico pré-conceptual: ( 2 a 4 anos )

a. Os desejos tornam-se realidade;
b. Possui as seguintes características:
  1. Animismo: A criança atribui sentimentos humanos a objetivos à sua volta (bate na mesa onde se magoou);
  2. Realismo: Dá corpo, materializa as suas fantasias (medo de sair do quarto porque existe um monstro);
  3. Finalismo: Se as coisas existem, têm de ter uma finalidade. Tudo o que existe, existe para o bem da criança (as nuvens existem para tapar o sol);
  4. Artificialismo: Explicação de fenómenos naturais como se fossem produzidos pelos seres humanos (quem pintou o céu?);
  5. Egocentrismo: Tendência da criança de ligar tudo que lhe acontece com os seus sentimentos e ações (a lua segue-me...);

Pensamento intuitivo: ( 4 a 6/7 anos )

a. As crianças julgam as situações pelos dados que podem captar pelos seus sentidos;
b. Características:
  1. Irreversibilidade do pensamento: A criança não consegue reverter as operações que realizou inicialmente para comprovar o seu raciocínio;
  2. Dificuldades de transformação: Não são capazes de compreender que a quantidade pode permanecer embora mude seu aspecto ou aparência;
  3. Dificuldades de classificação: As crianças normalmente experimentam dificuldades para estabelecer e relacionar classes de objetos ou situações;
  4. Dificuldades de seriação: As crianças frequentemente têm dificuldades em ordenar ou criar séries.




Estádio das Operações Concretas (6/7 - 12 anos)

   Esta é uma fase onde o crescimento físico é mais lento do que em fases anteriores. A criança adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar os seus próprios valores morais. A grupalização com o sexo oposto diminui e deixam de confundir o real com a fantasia. O indivíduo passa a ter uma representação mental das pessoas e dos objetos, adquire uma linguagem oral, classifica os objetos pelas suas similaridades e diferenças e realiza operações matemáticas.
    Este estádio é assim caracterizado por uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar problemas concretos.

Algumas características:

  • Pensamento lógico: Surge a capacidade de fazer análises lógicas, de fazer operações mentais a um nível muito concreto;
  • Mesmo antes deste estádio a criança já é capaz de ordenar uma série de objetos por tamanhos e de comparar dois objetos indicando qual é o maior, mas ainda não é capaz de compreender a propriedade transitiva (a é maior que b, b é maior que c, logo a é maior que c).
  • Reversibilidade;
  • Pensamento descentrado (O seu pai também é filho);
  • Noção de conservação;
  • Conceitos de espaço, tempo, número e lógica;
  • Classificações e seriações.



Estádio das Operações Formais (a partir dos 11/12 anos)

   Este último estádio é caracterizado pela generalização do pensamento e por um apuro da lógica, uma vez que o indivíduo aprende a manipular ideias abstratas, a formular hipóteses e a avaliar as implicações do seu pensamento e do dos outros.
  O pensamento passa a revelar uma natureza auto-reflexiva e começam a definir conceitos e valores.

As principais características deste estádio são as seguintes:

  • A capacidade de abstração, realizando operações mentais sem necessidade de referência a objetos concretos, as operações lógicas dão-se no plano das ideias sem necessidade de apoio da percepção, havendo capacidade de generalização, análise e síntese;
  • O predomínio de esquemas conceptuais abstratos e a utilização de uma lógica formal-proposicional, um raciocínio hipotético-dedutivo que deduz as conclusões apenas de puras hipóteses sem recorrer a uma observação do real; (desvia-se do “é” para o “poderia ser”), deduz e induz de modo sistemático e organizado;
  • Pensamento perspetivista e combinatório;




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