Desenvolvimento cognitivo – Jean Piaget
Psicologia

Desenvolvimento cognitivo – Jean Piaget



Existem factores na teoria psicogenética de Piaget, muito importantes: a hereditariedade, a experiencia física e a transmissão social. O factor determinante é o processo de equilibração.  
Piaget refere-se a estádios não numa perspectiva global, mas a cada estádio, não comportando todas as funções, somente as específicas. Considera a existência de estádios diferentes, relativamente à inteligência, á linguagem e à percepção. Quando postula a sua teoria sobre o desenvolvimento da criança, descreve-a, basicamente, em 4 estádios:   

Sensório-motor
Neste estádio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebé começa a construir esquemas de acção para assimilar mentalmente o meio.
Também é marcado pela construção prática das noções de objecto, espaço, causalidade e tempo. As noções de espaço e tempo são construídas pela acção, configurando assim, uma inteligência essencialmente prática.
É assim que os esquemas vão "pouco a pouco, diferenciando-se e integrando-se, no mesmo tempo em que o sujeito vai separando-se dos objectos podendo, por isso mesmo, interagir com eles de forma mais complexa." Pensa-se que o contacto com o meio é directo e imediato, sem representação ou pensamento.
Este estádio é chamado sensório-motor porque a criança aprende por meio das suas próprias acções.

Noções fundamentais:
- a exploração manual e visual do ambiente;
- a experiência obtida com acções;
- acções como agarrar, sugar, atirar…
- as acções ocorrem antes do pensamento;
- a centralização no próprio corpo;
- noção de permanência do objecto.


Pré-operatório
É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objecto ou acontecimento por uma representação, e esta substituição é possível, conforme PIAGET, graças à função simbólica. Assim este estágio é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica.
Contudo, a actividade sensório-motor não está esquecida ou abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois verifica-se que ocorre uma crescente melhoria na sua aprendizagem, permitindo que a mesma explore melhor o ambiente, fazendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e percepções intuitivas.

Existem dois substádios: dos 2 aos 4 anos Pensamento simbólico pré-conceptual
Predomina um pensamento mágico, onde os desejos se tornam realidade e que possui também as seguintes características:

Animismo – a criança atribui sentimentos humanos a objectos à sua volta;

Realismo – dá corpo, materializa as suas fantasias;

Finalismo – nada acontece por acidente. É muito egocêntrico, tudo o que existe, existe para o bem essencial dela própria; 

Artificialismo – é a explicação de fenómenos naturais como se fossem produzidos pelos seres humanos, para lhes servir como todos os outros objectos. Os objectos físicos e acontecimentos naturais são produzidos por pessoas: “Quem pintou o céu?”;

Egocentrismo – é a tendência da criança associar tudo o que lhe acontece com os seus sentimentos e acções. Tem tendência a tomar o seu ponto de vista como único sem compreender o dos demais, por estar centrada nas suas acções.

Dos 4 aos 6/7 anos  - Pensamento intuitivo
Permite á criança resolver determinados problemas, mas este pensamento é irreversível, isto é, a criança está sujeita às configurações perceptivas em compreender a diferença entre as transformações reais e aparente,
O raciocínio da criança é intuitivo, e está ligado às suas próprias percepções e às aparências das situações. Se estes dados não são ajustados pelo seu raciocínio, podem não ser capazes de avaliar as situações correctamente.

Centração – a criança, para dar resposta a um problema, considera só um aspecto de determinada situação de cada vez. Há uma capacidade para se centrar em mais de um aspecto da situação, de considerar os múltiplos aspectos e características de uma situação.

Irreversibilidade do pensamento – a criança não consegue reverter as operações que realizou inicialmente para comparar o seu raciocínio. Não são capazes de desfazer mentalmente uma acção e tornar a fazê-la.

Dificuldades de transformação – são incapazes de compreender os processos que implicam mudança. O seu pensamento é estático, estão sempre no momento presente, não considerando os anteriores.

Não conservação – incapazes de compreender que a quantidade pode permanecer, embora mude o seu aspecto, a aparência.


Operatório-concreto
Neste estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade.
Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversibilidade, ou seja, a capacidade da representação de uma acção no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada.
Piaget realizou várias experiencias para estudar a reversibilidade do pensamento presente nas operações que as crianças são capazes de efectuar neste estádio.

Conservação: se deitarmos em 2 copos iguais a mesma quantidade de água e se evidenciarmos a uma criança de 4 ou 5 anos que o liquido se encontra ao mesmo nível nos dois copos, ela também admiti-lo-á imediatamente. Porém, se a seguir transvazarmos o liquido de 1 dos copos para 1 recipiente mais estreito e mais alto e lhe perguntarmos qual é o que contém mais água, ele apontará para o recipiente alto e estreito. Significa que a criança no estádio anteriormente referido, uma vez que não é capaz de regressar ao pensamento inicial. Quando uma criança atinge o pensamento operatório, afirmará sem reservas que a quantidade de líquido não se alterou pelo facto de ter sido mudado de um recipiente para o outro.     

Classificações e seriações – a criança já tem assim a noção de inclusão em classes. A confusão entre “todos” e “alguns” tende a desaparecer nesta fase. Contudo, as operações são concretas, recaindo directamente sobre os objectos e situações actuais, não sendo ainda capaz de raciocinar sobre situações hipotéticas.  


Operatório-formal
Neste momento que as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. A representação agora permite à criança uma abstracção total, não se limitando mais à representação imediata e nem às relações previamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar logicamente, formular hipóteses e procurar soluções, sem depender só da observação da realidade.
Por outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam o seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas.




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