Psicologia
Mecanismos de Defesa
Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as manifestações do Ego diante das exigências das outras instâncias psÃquicas (Id e Superego), mas a psicanálise freudiana não é a única teoria a se utilizar desse conceito. Outras vertentes da psicologia também se utilizam dessa denominação. Quando o ego se manifesta diante de ameaças de desprazer, organizam-se mecanismos para defender o sujeito dessas ameaças.
Os mecanismos de defesa são determinados pela forma como se dá a organização do ego: quando bem organizado, tende a ter reações mais conscientes e racionais. Todavia, as diversas situações vivenciadas podem desencadear sentimentos inconscientes, provocando reações menos racionais e objetivas e ativando então os diferentes mecanismos de defesa, com a finalidade de proteger o Ego de um possÃvel desprazer psÃquico, anunciado por esses sentimentos de ansiedade, medo, culpa, entre outros. Resumindo, os mecanismos de defesa são ações psicológicas que buscam reduzir as manifestações iminentemente perigosas ao Ego.
Todos os mecanismos de defesa exigem certo investimento de energia e podem ser satisfatórios ou não em cessar a ansiedade, o que permite que sejam divididos em dois grupos: Mecanismos de defesa bem-sucedidos e aqueles ineficazes. Os bem-sucedidos são aqueles que conseguem diminuir a ansiedade diante de algo que é perigoso. Os ineficazes são aqueles que não conseguem diminuir a ansiedade e acabam por constituir um ciclo de repetições. Nesse último grupo, encontram-se, por exemplo, as neuroses e outras defesas patogênicas.
Existem pelo menos quinze tipos de mecanismos de defesa conhecidos e explicados pelas teorias da psicologia. Entre eles, podemos citar: compensação, expiação, fantasia, formação reativa, identificação, isolamento, negação, projeção e regressão.
Cada mecanismo de defesa tem uma forma especÃfica de funcionamento, vamos conhecer alguns deles brevemente:
- Compensação: Esse mecanismo de defesa tem por caracterÃstica a tentativa do indivÃduo de equilibrar suas qualidades e deficiências, por exemplo, uma pessoa que não tem boas notas e se consola por ser bonita.
- Deslocamento: O mecanismo de deslocamento está sempre ligado a uma troca, no sentido de que a representação muda de lugar, e é representada por outra. Esse mecanismo também compreende situações em que o todo é tomado pela parte. Por exemplo: alguém que teve um problema com um advogado e passa, então, a rejeitar todos esses profissionais, ou ainda, num sonho, quando uma pessoa aparece, mas, na verdade está representando outra pessoa.
- Expiação: É o mecanismo psÃquico de cobrança. O sujeito se vê cobrado a pagar pelos seus erros no exato momento em que os comete, com esperança na crença de que o erro será imediatamente ou magicamente anulado.
- Fantasia: Nesse mecanismo de defesa, o individuo cria uma situação em sua mente que é capaz de eliminar o desprazer iminente, mas que, na realidade, é impossÃvel de se concretizar. É uma espécie de teatro mental onde o indivÃduo protagoniza uma história diferente daquela que vive na realidade, onde seus desejos não podem ser satisfeitos. Nessa realidade criada, o desejo é satisfeito e a ansiedade diminuÃda. Os exemplos de fantasia são: os sonhos diurnos, ou fantasias conscientes, as fantasias inconscientes, que são decorrentes de algum recalque e as chamadas fantasias originárias.
- Formação Reativa: É um mecanismo caracterizado pela aderência a um pensamento contrário à quele que foi, de alguma forma, recalcado. Na formação reativa, o pensamento recalcado se mantém como conteúdo inconsciente. As formações reativas têm a peculiaridade de se tornar uma alteração na estrutura da personalidade, colocando o indivÃduo em alerta, como se o perigo estivesse sempre presente e prestes a destruÃ-lo. Um exemplo, uma pessoa com comportamentos homofóbicos, que na verdade, sente-se atraÃdo por pessoas do mesmo sexo.
- Identificação: É o mecanismo baseado na assimilação de caracterÃsticas de outros, que se transformam em modelos para o individuo. Esse mecanismo é a base da constituição da personalidade humana. Como exemplo podemos citar o momento em que as crianças assimilam caracterÃsticas parentais, para posteriormente poderem se diferenciar. Esse momento é importante e tem valor cognitivo à medida que permite a construção de uma base onde a diferenciação pode ou não ocorrer.
- Isolamento: É o mecanismo em que um pensamento ou comportamento é isolado dos demais, de forma que fica desconectado de outros pensamentos. É uma defesa bastante comum em casos de neurose obsessiva. Os exemplos desse mecanismo são diversos, como rituais, fórmulas e outras ideias que buscam a cisão temporal com os demais pensamentos, na tentativa de defesa contra a pulsão de se relacionar com outro.
- Negação: É a defesa que se baseia em negar a dor, ou outras sensações de desprazer. É considerado um dos mecanismos de defesa menos eficazes. Podemos citar como exemplo o comportamento de crianças de “mentirâ€, negando ações que realizaram e que gerariam castigos.
- Projeção: Resumidamente, podemos dizer que é o deslocamento de um impulso interno para o exterior, ou do indivÃduo para outro. Os conteúdos projetados são sempre desconhecidos da pessoa que projeta, justamente porque tiveram de ser expulsos, para evitar o desprazer de tomar contato com esses conteúdos. Um exemplo é uma mulher que se sente atraÃda por outra mulher, mas projeta esse sentimento no marido, gerando a desconfiança de que será traÃda, ou seja, de que a atração é sentida pelo marido. Além desse, outros exemplos de projeção podem estar na causa de preconceitos e violência.
- Regressão: É o processo de retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, onde as satisfações eram mais imediatas, ou o desprazer era menor. Um exemplo é o comportamento de crianças que, na dificuldade em seus relacionamentos com outras crianças, retornam, por exemplo, a fase oral e retomam o uso de chupetas, ou ainda, comem excessivamente.
Leia também:
*Psicanálise e Freud: O Ãnicio
Fonte: Brasil Escola
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