LUTO
Psicologia

LUTO


A perda de um ente querido é das experiências mais dolorosas. Nossa identidade e o senso de pertencer a um grupo são inseparáveis daqueles que nos cercam. Quando um deles se vai, deixa um espaço vazio na rede social que nos dá suporte, e cria sensação de isolamento.
Estar de luto abala a integridade do psiquismo e provoca sintomas fisiológicos que evoluem com o passar do tempo.
O luto tem uma fase aguda que envolve respostas à separação e ao estresse. É caracterizada por saudades, sentimentos de perda, tristeza, pensamentos e imagens da pessoa falecida. Ouvir a voz, ver e sentir sua presença podem representar formas de alucinações benignas, sem significado psicopatológico.
Nessa fase, costuma haver confusão a respeito da própria identidade e do papel no ambiente social, tendência a afastar-se das atividades habituais, desesperança e diferentes graus de apatia. Os sintomas incluem ansiedade, disforia, raiva e depressão, associados a alterações fisiológicas: taquicardia, aumento da pressão arterial, da produção dos hormônios envolvidos no estresse, distúrbios de sono e deficiência imunológica.
No período que se segue ao falecimento, aumenta o risco de infarto do miocárdio, das cardiopatias de estresse, de distúrbios de humor e ansiedade e do abuso de drogas lícitas ou não.
Vem em seguida, a fase de adaptação, caracterizada por alternâncias imprevisíveis entre aceitação e emoções negativas. A intensidade do luto diminui gradativamente com o passar dos meses, embora os sintomas possam retornar em momentos de dificuldade e em ocasiões especiais –  datas comemorativas, como: aniversários, Natal.
Pensamentos e comportamentos característicos da falta de adaptação e desgostos da vida cotidiana podem interromper os mecanismos adaptativos e provocar regressão à fase aguda.
Quando surgem as complicações classificadas como “distúrbio de luto prolongado”, o quadro persiste por períodos mais longos do que as normas sociais consideram aceitáveis e comprometem as atividades diárias.
As complicações do luto estão associadas a distúrbios do sono, abuso de drogas, ideações suicidas, depressão da imunidade, doenças cardiovasculares e dificuldade para seguir tratamentos de outros problemas de saúde, como hipertensão ou diabetes.
A característica principal é a tristeza profunda e prolongada, acompanhada de pensamentos insistentes ou imagens da pessoa falecida, raiva, sentimento de culpa, descrédito e inadequação para aceitar a realidade. Enquanto alguns procuram evitar situações que lhes tragam a lembrança da perda, há os que se apegam às roupas e objetos da pessoa que se foi.
Frustrados por não conseguir ajudar, amigos e parentes se afastam, aumentando a sensação de isolamento e a crença de que a felicidade só era possível na companhia do ente querido, que não está mais neste mundo.
O tratamento de escolha é a psicoterapia. O objetivo da terapia é restaurar a autoconfiança, o entusiasmo para planejar o futuro e ajudar a pensar na morte sem evocar culpa, revolta ou ansiedade.
Em alguns casos, a psicoterapia é aliada ao tratamento medicamentoso. O papel dos antidepressivos é controverso, porque faltam estudos bem conduzidos. A maioria dos psiquiatras, no entanto, procura prescrevê-los em conjunto com a psicoterapia. Embora limitada, a experiência sugere que os resultados são melhores com a associação.

Fonte: Drauzio Varella

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões
Psicóloga Clínica - (11) 97273-3448





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