Fazemos hoje 46 anos de profissão regulamentada no Brasil. Temos muitos motivos para comemorarmos essa data, mas preferimos hoje focar nossa atenção nos desafios da sociedade brasileira.
Próximos das eleições municipais, temos um cenário ainda marcado pelos efeitos perversos da legitimação da desigualdade social, presentes em um número elevado de municÃpios brasileiros, embora tenhamos também em curso no paÃs a implementação de um conjunto de polÃticas públicas formuladas com a participação, mesmo que incipiente, da sociedade para o enfrentamento das causas estruturais dessa desigualdade.
Esse cenário nos alerta para os discursos e movimentos contrários à s mudanças que são produzidas por essas polÃticas, numa reação que ameaça o avanço da democracia e a consolidação dos direitos de cidadania de todos os brasileiros. Exemplos disso, encontramos na ameaça aos povos indÃgenas na T.I. Raposa Serra do Sol, no norte do paÃs, onde vivem 20.000 Ãndios. Nesse lugar, um reduzido grupo de 5 arrozeiros, ligado ao agronegócio e apoiado por setores militares, tenta anular a demarcação das terras já homologadas, apelando ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Encontramos também presente em ataques ao Sistema Único de Saúde (SUS), assim como à atual polÃtica de atenção aos portadores de sofrimento mental, por parte de profissionais e polÃticos com interesses pessoais na privatização da saúde e/ou na manutenção de hospitais psiquiátricos, mesmo após sua condenação histórica em todo o mundo.
Vimos, ainda, no projeto de redução da maioridade penal, que visa a condenação e o encarceramento de adolescentes em conflito com a lei, desrespeitando todas as razões que levaram a sociedade à construção do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que fez 18 anos recentemente e que propõe uma atenção digna e respeitosa às nossas crianças e aos adolescentes.
E, ainda, não alcançamos a tão esperada democratização nos meios de comunicação. Por essa razão, o Conselho Federal produziu programas sobre esse tema que estão disponÃveis no link abaixo e em nosso site. Essa é mais uma contribuição do CFP ao debate e à Campanha Pró-Conferencia Nacional de Comunicação. Esperamos que esses programas sejam divulgados amplamente.
Por tudo isso, e por muito mais é que queremos, nesse dia, reafirmar a presença da Psicologia Brasileira, na construção de sua ciência e profissão comprometidas com os problemas sociais, tornando-se mais próxima da realidade cotidiana de todos os brasileiros e apresentando-se como co-responsável pela transformação social tão necessária ao nosso paÃs.