CUIDAR, MAS SEM DESCUIDAR-SE!
Psicologia

CUIDAR, MAS SEM DESCUIDAR-SE!


É muito difícil para uma pessoa assumir cuidar de alguém que se tornou dependente. Essa dificuldade já começa pela própria decisão. Muitas vezes a pessoa “se torna” cuidador aos poucos, sem perceber de fato esse movimento. Outras vezes se vêem “obrigadas” (moralmente, financeiramente, ou por amor simplesmente) a tomar essa decisão. Cuidar de alguém traz muitas repercussões. É uma responsabilidade muito grande e para enfrentá-la é preciso conhecer um pouco sobre como fazer isso da melhor para quem é cuidado e para si mesmo. Quem cuida, muitas vezes abre mão dos próprios sonhos, estilo de vida, rotina e até amores. Não conhecer o que envolve cuidar de alguém, conhecer a doença que acomete essa pessoa ou mesmo ser somente o processo de envelhecimento, com o passar do tempo, se a pessoa não procurar orientação para lidar com a situação de ser um cuidador, pode desenvolver sintomas do que pode ser conhecido como “síndrome do cuidador”. Muitas vezes torna-se depressivo, amargurado e com diversos sentimentos de culpa. Os sintomas mais comuns são: • Esgotamento emocional; • Cansaço físico constante; • Alto nível de estresse; • Irritabilidade; • Pessimismo; • Baixa auto-estima; • Agressividade; • Mudanças bruscas de humor; • Dificuldade de concentração e memória; • Desenvolvimento de vícios como abuso de álcool e medicamentos; A primeira atitude a tomar é aceitar e entender o fato de que é um cuidador. Ao assumir isto, buscar conhecer o que acontece com aquele que lhe é dependente. No caso de um cuidador de idosos, entender o processo do envelhecimento, a perda de capacidades físicas e psíquicas. E se ele possuir outras doenças psiquiátricas ou neurológicas, entender como são os sintomas, como é a evolução dela, e principalmente as alterações no comportamento da pessoa. A partir do momento que começamos a entender melhor o que acontece, com as reais necessidades e limitações daquele que é cuidado, conseguimos lidar melhor com a situação. Não adiante exigir que o idoso “lembre” de certas coisas: sua memória recente é afetada no processo de envelhecimento. Entender que o idoso “desconta seus sentimentos ruins” especialmente em quem fica ao lado dele (escuto sempre frases do tipo: não entendo o por quê que ele me xinga, sempre fala que o outro faz melhor, se trato ele com tanto carinho e amor). Isso é um exemplo de comportamento normal do idoso – ele desconta por que sabe, de alguma forma, que esta pessoa irá ficar sempre ao lado dele. O cuidador deve aprender a lidar com essas particularidades. Quem cuida deve aprender a confiar em outras pessoas para auxiliá-lo nessa tarefa. É normal ter sentimentos de angústia, medo, insegurança, culpa. É como se a pessoa sentisse que se ela sair de perto, descansar um pouco, fazer uma viagem para relaxar ou mesmo sair uma tarde para conversar com amigos, algo de ruim irá acontecer ou que somente ele sabe cuidar direito e o outro não vai conseguir. O cuidador PRECISA desses tempos, precisa ter espaço para uma vida pessoal, independente daquele que ele cuida. É muito comum que depois que o idoso vem a falecer, o cuidador perceba que não tem uma vida de fato sua. As angústias, amarguras e frustrações começam a ser descarregadas em outras pessoas e situações. Tendem a buscar outras coisas para se apegar e responsabilizar pois sentem dificuldade de encontrar seu próprio caminho. Portanto, se assumiu cuidar de alguém, não deixe de se cuidar! Você não está sozinho. Busque orientação e auxílio para esta tarefa que exige muita dedicação, carinho e principalmente amor.



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