Psicologia
As Pessoas Sarcásticas São Mais Inteligentes?
O sarcasmo é a capacidade de insultar as pessoas, sem elas perceberem.
Em alguns casos, o sarcasmo é um meio de expressar indiretamente a agressão para com os outros ou insegurança em relação a si mesmo. Noutros casos, é mais um escudo secreto de todos os idiotas do mundo - uma espécie de "mentira verdadeira" que os ouvintes nem sempre compreendem como sendo insincera.
É uma piada privada que te pode salvar de situações irritantes e graves, proporcionando uma pausa de humor, mesmo nas situações mais chatas.
Então, serão as pessoas sarcásticas apenas espertalhonas, ou serão mesmo mais inteligentes (pelo menos a um nível emocional) do que as pessoas não-sarcásticas?
Uma investigação universitária mostra que a capacidade de entender o sarcasmo depende de uma sequência cuidadosamente orquestrada de habilidades cognitivas complexas em partes específicas do cérebro. Dr. Shamay-Tsoory, psicólogo do Centro Médico Rambam, em Haifa e da Universidade de Haifa, disse: "O sarcasmo está relacionado com a nossa capacidade de compreender o estado mental das outras pessoas. Não é apenas uma forma linguística, está também relacionada com a cognição social."
A sua pesquisa revelou que as áreas do cérebro que decifram o sarcasmo e a ironia também processam a linguagem, reconhecem emoções e ajudam-nos a entender os sinais sociais.
Dr. Shamay-Tsoory explicou ainda que "a compreenção do estado de espírito e das emoções das outras pessoas está relacionada com a nossa capacidade de compreender o sarcasmo."
O sarcasmo parece exercitar mais o cérebro do que a sinceridade. Cientistas que monitoraram a atividade elétrica dos cérebros de cobaias expostas a declarações sarcásticas descobriram que o cérebro tem que trabalhar mais para entender o sarcasmo. Há realmente uma via neural de três estágios no nosso cérebro que nos permite compreender a ironia.
O primeiro centro de linguagem no hemisfério esquerdo do cérebro interpreta o significado literal das palavras. Os lobos frontais e o hemisfério direito processam a intenção de quem está a falar e verificam se há contradições entre o sentido literal e o contexto social e emocional. Finalmente, o córtex ventromedial pré-frontal direito - o nosso medidor de sarcasmo - toma uma decisão com base no nosso conhecimento social e emocional da situação.
Segundo a revista "Smithsonian", um estudo realizado em Israel, teve estudantes universitários a ouvir as queixas on-line de atendimento ao cliente de uma empresa de telemóveis. Os alunos eram mais capazes de resolver problemas criativamente quando as queixas eram sarcásticas, em oposição a simplesmente raivosas. De acordo com os autores do estudo, o sarcasmo "parece estimular o pensamento complexo e atenua os efeitos negativos de outras formas de raiva."
Assim, os estudantes que reconheciam o sarcasmo tinham uma "teoria da mente" mais desenvolvida - a capacidade de ver além do significado literal das palavras e entender que quem falava podia estar a referir-se a algo completamente diferente. Por exemplo, uma teoria da mente permite perceber que, quando a sua namorada diz "calças giras" quando tem um buraco gigante na sua virilha, ela quer dizer exatamente o contrário.
Como Richard Chin, da revista "Smithsonian" explica, o sarcasmo requer uma série de "ginásticas mentais". As declarações sarcásticas, satíricas ou irónicas, obrigam o cérebro a "pensar além do significado literal das palavras e a entender que quem está a falar pode estar a pensar em algo completamente diferente." Estudos têm demonstrado que a exposição ao sarcasmo aumenta a resolução criativa de problemas. Assim, ao longo do tempo, este aumento do esforço cognitivo não é desperdiçado. Chin descreve o uso ativo do sarcasmo como um meio de "exercício mental." Assim como treinar os músculos, se fizer 50 flexões por dia, ao longo do tempo, os braços estarão mais fortes. Assim, o sarcasmo, como uma forma de "exercício mental", ou "ginástica mental" funciona da mesma maneira. Ao longo do tempo, o "trabalho extra" trazido pelo sarcasmo tonifica os nossos cérebros.
Alguns especialistas em linguagem sugerem que o sarcasmo é usado como uma espécie de insulto mais suave, uma maneira de suavizar a crítica com humor. Outros pesquisadores descobriram que o goso e o tom superior de sarcasmo é mais doloroso do que uma crítica simples; na verdade, a origem grega para o sarcasmo, "sarkazein", significa rasgar a carne como cães.
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