O afeto se caracteriza e é definido como algo que chega à consciência e provoca uma sensação. É, portanto, algo que se sente. Freud ressalta que, a rigor, não podemos falar em afetos inconscientes em virtude de sua essência perceptiva, considerar a angústia, sobretudo um afeto demonstra que não se pode considerá-la apenas algo provindo do recalque, portanto simbólica, mas algo que, acima de tudo, afeta. Essa contradição na definição (ser um afeto e, ao mesmo tempo, ser derivada do recalque) instrumentalizará a segunda teoria da angústia e a noção de sinal.
Freud ressalta que ela, além do caráter claro de desprazer, é sempre acompanhada de sensações físicas - como distúrbios respiratórios e cardíacos, indicadores de seu caráter motor. Por este último, ganha importância a apreciação do caráter econômico na teorização da angústia, já que há uma intrínseca relação entre a descarga afetiva (que caracteriza a angústia) e a inervação motora. Dessa forma, ao nos referirmos à angústia, há sempre a consideração da quantidade de energia circulante no psiquismo. Contudo, se trata do eu, notamos a implicação obrigatória da percepção desses atos motores para que a angústia possa se fizer notar na consciência. Assim, se analisarmos a fisiologia da angústia, encontraremos um aumento de excitação que encontra seu alívio em uma descarga motora. Em última instância, é na angústia que o ato encontra sua força energética.
Angústia é de modo, geral sinônimo de ansiedade. Freud descreve a angústia como um estado afetivo, combinado de uma série de sentimentos da série prazer-desprazer, com intervenções de descargas, e uma percepção dos mesmos sentimentos.
Ainda segundo o mesmo autor, afirmou que vivemos um profundo mal-estar provocado pelo avanço do capitalismo. Contudo, a sua colaboração mais profunda para essa nossa temática pode ser percebida na sua análise do nosso aparelho psíquico: vivemos um conflito interno entre três instâncias psíquicas fundamentais ao equilíbrio do ser: nossas vontades (id) vivem em constante atrito com nosso instinto repressor (superego).
Podemos tudo aquilo que queremos?
_Infelizmente não.
O balanço entre as vontades e as repressões tem que ser buscado pelo ego, a nossa consciência.
É o ego que analisa a possibilidade real de por em prática uma ação desejada pelo nosso id. Não obstante, controla o excessivo rigor imposto pelo superego. A esse conflito entre o id e o superego, Freud denominou angústia.
Portanto para Freud, a angústia é um mecanismo de defesa que se organiza a partir do conflito que o ego enfrenta ao tentar lidar com três instâncias: os desejos do id, as imposições do superego e as exigências da realidade.
A angústia é também uma emoção que precede algo (um acontecimento, uma ocasião, circunstância), também se pode chegar nesta angústia através de lembranças traumáticas que machucaram ou fragmentaram o ego. Quando a integridade psíquica está ameaçada, também se costuma haver angústia em estados paranóicos onde a percepção é redobrada e em casos de ansiedade persecutória.
A angústia exerce função crucial na simbolização de perigos reais (situação, circunstância) e imaginários (consequencias temidas).
A angústia também pode estar ligada a causas psicológicas como, complexos, traumas, meio familiar repressores ou desgastantes, podem desencadear sensações de opressão.
A angústia somente será considerada uma doença, quando aparecerem outros sintomas, como falta de concentração, tristeza permanente, inquietação, pensamentos negativos. A angústia acontece também em estados paranóicos onde a percepção das coisas é muito maior e destorcida.
Freud aponta alguns fatores etiológicos da angústia.
1. Abstinência intencional: a excitação somática se acumula e é voluntariamente desviada para outros canais;
2. Excitação não consumada;
3. Coitus reservatus: em conseqüência desta deflexão psíquica a libido desaparece gradualmente;
4. Senectude (aumento tão grande na produção de excitação que a psique não consegue manejá-lo);
5. Angústia virginal: a excitação sexual não consegue se ligar pois, as representações sexuais não estão suficientemente elaboradas;
6. Ejaculação precoce e coito interrompido: o desejo libidinal do ato insatisfatório tende a desaparecer;
7. Masturbação: gera neurastenia e tende a um estado de abstinência.
8. Estresse: a psique, graças a uma deflexão, parece não conseguir mais manejar a excitação somática: não apresenta etiologia sexual, mas sim um mecanismo sexual.
Em todos estes casos, o sintoma da neurose substitui "a ação específica omitida posteriormente à excitação sexual", por isso na angústia aparecem sintomas que de alguma forma lembram o coito (falta de ar, aceleração dos batimentos, etc.).
Finalmente, Freud faz neste texto uma distinção entre afeto e neurose de angústia. O afeto de angústia é provocado pela incapacidade da psique lidar com um estímulo ameaçador vindo de fora (perigo). Já a neurose de angústia é uma resposta a um estímulo interno com o qual não consegue lidar (o afeto passa, a neurose é crônica).
Pessoas que apresentam o quadro de angústia sem acompanhamento profissional desenvolvem outros distúrbios emocionais, tais como cansaço físico-mental, rebaixamento da auto-estima.
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