A Surpreendente Ciência do Sarcasmo

Em Resumo

Como processa o sarcasmo pode dizer muito sobre si. É a medida da compreensão social e a incapacidade de compreender isso pode sinalizar outros problemas, como danos potenciais no lobo pré-frontal do cérebro. O sarcasmo faz-nos pensar mais, trabalhar mais, aguça o cérebro e também levou a alguns debates interessantes sobre a ética dos estudos científicos sarcásticos, como se pode ou não causar mais danos do que bem a longo prazo.

A História Completa

Sarcasmo. Todos o usamos, ficamos ocasionalmente furiosos com ele e ficamos perplexos quando as pessoas não o entendem. Acontece que é uma forma incrivelmente complicada de comunicação, que nos disse muito sobre como nos comunicamos e como os nossos cérebros funcionam.

As pessoas com uma personalidade excessivamente sarcástica podem ser particularmente rudes, mas o sarcasmo faz mais do que apenas uma aparição ocasional nas nossas técnicas de comunicação. É tão comum que aqueles que têm dificuldade em usá-lo permanecem imediatamente fora da multidão das pessoas que lutam com as relações interpessoais e a comunicação. Está a tornar-se cada vez mais importante, diz a ciência, com um linguista na Macalester College, em Minnesota, a afirmar que é o próximo estágio de evolução para a linguagem.


Usá-lo e compreendê-lo tem um impacto mensurável sobre como os nossos cérebros funcionam. Quando os pesquisadores monitoraram a atividade elétrica nos cérebros de pessoas que são expostas ao sarcasmo, descobriram que não só faz aumentar a atividade, como o nosso cérebro precisa de trabalhar mais para envolver-se com o conceito de sarcasmo e decidir o que um comentário realmente significa.

Pensa-se que tem algumas consequências impressionantes. Um estudo israelense ao sarcasmo descobriu que os estudantes que tentavam resolver problemas o fizeram comprovadamente melhor quando as reclamações e as questões lhes foram apresentadas de uma maneira sarcástica.

As maneiras como afeta o cérebro também podem querer dizer alguma coisa. A incapacidade para compreender o sarcasmo tem sido associada a danos cerebrais, especificamente danos no lobo pré-frontal. Estudos da Universidade de Haifa levaram os voluntários com e sem dano cerebral a serem monitorados para se ver como reagiam a declarações sarcásticas. Aqueles que tinham cérebros saudáveis conseguiam entender o sarcasmo sem problema e aqueles com danos noutras partes do cérebro, além do lobo pré-frontal, também não tinham dificuldades em entendê-lo. Os pesquisadores descobriram que a incapacidade de entender o sarcasmo tinha também outros efeitos. Não ser capaz de entender uma declaração dever-se-ia a comportamentos literalmente produzidos que espelharam certos comportamentos sociais que muitas vezes chegam juntamente com um diagnóstico de autismo.

Há também uma coisa estranha que acontece quando olhamos para quando, onde e com que frequência o sarcasmo é usado. A conversar com os amigos? É muito utilizado. A falar com estranhos? Não muito. A falar com estranhos online? Nunca usado. (É sempre usado, estava só a ser sarcástico.)

E isso, segundo a Universidade de Cornell, diz muito sobre a nossa bravura quando se trata de dizer algo que poderia ser entendido como bastante mordaz, estamos mais do que feliz em fazê-lo quando não há a proteção de um computador entre aquele que pratica o sarcasmo e o seu recetor.

Mas o sarcasmo on-line ou em papel pode ter algumas consequências de longo alcance que estamos a começar a aprender. Todos os anos, por volta do Natal, o British Medical Journal publica uma questão de estudos, tingidos de sarcasmo hilariantes. Os estudos são reais, os dados são reais, mas as instalações são frequentemente muito inventadas. Exemplos recentes incluem um artigo sobre o poder da oração na cura e outro que diz que os homens morrem mais cedo do que as mulheres porque são mais propensos a fazer coisas estúpidas.

O problema vem depois, quando os estudos são arquivados na Internet ao lado de todos os outros papéis de revista e quando são pesquisados, acessados e lidos sem o entendimento de que foram originalmente concebidos como parte de uma antologia de ciência sarcástica. A BBC considerou um artigo de paródia do "sexo, agressividade e humor: respostas" e o mesmo artigo também tem sido destaque em livros sobre o cérebro masculino. Os dedos são apontados à comunidade científica não só por ser um pouco elitista sobre tudo isto, mas pela criação de toda uma riqueza de novas informações que são susceptível de serem vistas fora de contexto citadas mal.

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