Podem atirar as pedras. Vou falar mais uma vez sobre o Big Brother Brasil. Mas o fato é que, apesar de ser um produto visando meramente os Ãndices de audiência (e a publicidade decorrente destes Ãndices), o BBB oferece para os psicólogos - em especial os sociais - um laboratório em termos de relacionamentos humanos em grupo. Queiram os intelectuais-que-odeiam-tudo-que-o-povo-gosta aceitarem este fato ou não! Muitos experimentos clássicos de psicologia social forjaram situações como as criadas no BBB. Como diz o psicólogo Felipe Epaminontas (do blog Ciência e Psicologia) , "prender vários estranhos em um ambiente fechado e ficar os observando na maior parte do dia é uma idéia que me fascina muito, mas infelizmente tal projeto de pesquisa seria facilmente rejeitado em qualquer comitê de ética". Já que a Globo não tem nem um pingo de ética (vide a prova do Quarto Branco, que está sob investigação do Ministério Público pela suposta prática de tortura), mas, pelo menos, os participantes se submeteram voluntariamente ao programa, que mal há em "dar uma espiadinha".
Mas o que gostaria de comentar esta semana é a descoberta de que minha conterrânea, a BBB juizforana Josiane Oliveira fez faculdade de Psicologia. Descobri este fato numa notÃcia publicada no site Ego que traça um perfil da cantora e diz que "há três anos, a mineira largou uma bem-sucedida carreira de psicóloga numa estatal para ser cantora". Outros sites e blogs, no entanto, falam que Josy largou a faculdade de Psicologia para se dedicar à música. Assim, o que ela teria abandonado seria o estágio na tal estatal e não o emprego de psicóloga, pois não teria chegado a tanto. Outra matéria, desta vez no site Terra, afirma que "Josiane pegou Milena de surpresa ao dizer, nesta terça-feira, que quando ainda atuava como psicóloga trabalhou em um presÃdio. 'Eu atendia lá e acabei montando um coral com os presos. Foi uma experiência muito bacana. Teve um Natal que a gente se apresentou e foi muito emocionante', contou. A cantora afirmou que não sentia medo de trabalhar lá, apesar de ficar presa em uma cela com 40 presidiários durante os ensaios. 'Pelo contrário! Eles diziam que se alguém fizesse alguma coisa comigo iam me proteger', explicou. 'Saà de lá porque tiveram várias rebeliões e meu pai ficou com medo', falou um pouco antes de encerrar o assunto".
Assim, pelo que parece, Josi chegou a formar em psicologia e até a atuar como psicóloga, mas o que gostaria de problematizar é o seguinte: OK, ela formou em psicologia, atuou como psicóloga, mas abandonou tudo e virou cantora. Minha pergunta é: ela ainda pode ser chamada de psicóloga? Ou seja, o que faz uma pessoa psicóloga é o fato de ela ter formado em um curso de Psicologia ou de ela atuar na profissão? O fato de eu ter o diploma de Bacharel em Psicologia (ou seja, de Psicólogo) e trabalhar, por exemplo (pois não é o caso), como taxista, me dá o direito de dizer para o mundo "Eu sou Psicólogo"?. A questão vai um pouco além da validade legal do diploma porque muitos formados em Psicologia que não exercem a profissão (e, desta forma, não estão vinculados ao CFP) acabam exercendo a profissão informalmente, dando pitaco, sem embasamento algum, sobre tudo e todos. São os opinadores de plantão!
O primeiro exemplo que me vem à cabeça é Luiz Gasparetto, apresentador do extinto programa Encontro Marcado, da Rede TV. Segundo a Wikipedia, Gasparetto é "um psicólogo de formação, médium psicopictográfico e apresentador de televisão". Tenho arrepios só de ler!!! Este cidadão - que mistura psicologia de botequim com espiritismo - é meu colega de trabalho? O fato de ter formado em um curso de Psicologia faz de Gasparetto um psicólogo? Oficialmente sim, afinal ele deve ter o diploma de Bacharel, mas, na boa, não consigo vê-lo desta forma..
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