Heloísa Pires
«Revista de Espiritismo»
nr. 35, Abril-Maio-Junho 1997
Federação Espírita Portuguesa
Matemática, física e pedagoga, Heloísa Pires, espírita renomada, esteve em Portugal em Janeiro, proferindo várias palestras. Por onde passou deixou o rasto luminoso da cultura espírita, encantando quem a ouviu.
Heloísa Pires seria mais uma mulher, incógnita, e não seria notícia se não fosse um dos grandes vultos do espiritismo mundial e licenciada em matemática, em física, em pedagogia.
Espírita convicta, é um dos elementos-chave do movimento espírita brasileiro. Trabalha por opção com deficientes profundos, no campo da pedagogia. Seu pai, José Herculano Pires, foi de tal maneira marcante para o espiritismo, a nível mundial, que foi referido como sendo o metro que melhor mediu Allan Kardec (o codificador do espiritismo). Herculano Pires, escritor, filósofo, deixou uma obra literária impressionante, que ainda hoje é desconhecida da maioria dos espíritas. De realçar "O Espírito e o Tempo" e "Mediunidade", se é que é possível destacar estas duas obras das restantes.
Heloísa Pires esteve em Portugal, a convite do Centro Espírita Perdão e Caridade, de Lisboa, durante oito dias. Conferenciou em Lisboa, no referido centro espírita, em Lagos, em Leiria, em Viseu, no Porto, de novo em Lisboa no Centro Espírita Amor e Caridade e ainda na Federação Espírita Portuguesa. Concedeu ainda três entrevistas, na Rádio Nova (com Rui Castelar), no «Tal e Qual» (Paulo Emereciano) e à Revista de Espiritismo. Aproveitando o ensejo da sua presença colocámos-lhe algumas questões:
Revista de Espiritismo» — Deve haver planeamento familiar ou a mulher é uma máquina de ter filhos?
Heloísa Pires — Se disser-mos "tenha os filhos que Deus mandar" estamos a repetir o que a Igreja Católica e outras correntes defendem. Não somos coelhos nem gatos. O homem obra com conhecimento de causa. Há que planear ter os filhos que possam ser educados para que eles saiam vitoriosos da vida. Ter 11 filhos e deixá-los ao deus-dará é inconsciência criminosa. O planeamento familiar é uma necessidade no momento actual, é indispensável, para melhorar as condições de vida na Terra.
RE — Há quem diga que a eutanásia pode ser um acto de caridade. Que pensa disto?
H.P. — É um crime, desnecessário. Vemos agora, na Bélgica, o Dr. Morte. Horrível. Um homem, médico, a matar outros homens. Não somos Deus. Devemos ficar na Terra o tempo que for necessário. À luz do espiritismo, se alguém tem uma doença prolongada é porque necessita de passar por essa situação, dentro das leis de causa e feito, para que os seus fluidos vitais se desgastem. Aí, a pessoa parte para o mundo espiritual em boas condições. Provocar essa situação (eutanásia) é provocar sofrimento no espírito, que fica envolvido em fluidos vitais que o ligam ao corpo. Temos de aceitar a vontade divina. Fatal, só o nascimento e a morte. Tudo o resto depende do nosso livre-arbítrio.
RE — E o aborto?
H.P. — O aborto é um crime. É fruto da ignorância, daqueles que não entendem a vida. No entanto, temos de explicar que tudo é considerado a partir do momento do conhecimento. Depois de entender-mos que o aborto é um crime, não podemos praticá-lo. Antes de o sabermos, se o praticámos temos atenuantes. Mas não há justificação para o aborto. É desnecessário.
RE — Como é que uma mulher de ciência é espírita, fala com os espíritos, e acredita em Deus?
H.P. — Einstein, que intelectualmente estava a anos-luz de nós, dizia: "Deus existe". Através do raciocínio temos de entender que existe uma inteligência suprema. Porque a desordem não cria nada e a ordem revela uma inteligência maior que criou tudo e que nos criou. Os físicos actuais, a cada dia que passa, convencem-se mais da existência de Deus. Eles apenas não gostam do rótulo de "Deus", dizem "Inteligência", "Força Criadora". A nossa capacidade de raciocínio, a procura de organização do Mundo, as fórmulas matemáticas, são uma prova evidente de uma inteligência maior que criou inteligências menores.
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