Psicologia
O fim da vida: morte e luto
A morte é considerada a finalização de um ciclo, o fim de tudo. Mas a discussão sobre o que ela é e como ela acontece ainda é considerado um assunto delicado, e muitas vezes até evitado pela maioria das pessoas. O facto de sabermos que ninguém escapará da morte, é o que a torna um assunto tão fascinante e ao mesmo tempo angustiante, pois ela não pode ser evitada. A ciência busca há séculos maneiras de retardá-la e até mesmo suplantá-la, através de medicamentos e pesquisas, obtendo êxito em algumas áreas. O facto é que a vida e a morte são assuntos complexos e que sugerem discussões polémicas e acaloradas.
Mas afinal, o que é a morte? Procurando o significado da palavra morte, encontramos no dicionário de Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1986) a seguinte explicação: “acto de morrer, o fim da vida genital, animal, fim. Grande dor, pesar profundo”. Pensando na morte como algo mais profundo, Chevalier et al (2002), designa-a como o fim absoluto de qualquer coisa. Enquanto símbolo, a morte é considerada o aspecto perecível e destrutivo da existência, indicando aquilo que desaparece na evolução das coisas. No entanto, ela é ao mesmo tempo revelação e introdução, pois todas iniciações atravessam uma fase de morte, antes de aceder a uma vida nova. Portanto, a morte tem um valor psicológico que liberta das forças negativas e regressivas, tornando possível à ascensão do espírito. Ela é considerada filha da noite e irmã do sono, tendo o poder de regenerar, ela é, enfim a condição para o progresso e para a vida.
A morte então está relacionada a tudo aquilo que nos cerca, fazendo-nos pensar que não somos eternos, que não somos donos de nossa própria vida, tendo que obedecer ao ciclo natural da vida, ou seja, tudo que é vivo um dia morrerá. A morte também nos remete à doença e ao sofrimento, isto é, pensar na morte muitas vezes está associado ao facto de que essa será sofrida, dolorosa, e muitas vezes em decorrência de uma doença grave. A morte também sinaliza o fim de uma etapa, para o início de outra, como o fim da infância e o início da adolescência, por exemplo. Ao pensar na morte como perda, é importante realçar que a morte do outro se configura como a vivência da morte em vida. É a possibilidade de experimentar a morte que não é a própria, mas é vivida como se uma parte de nós morresse, uma parte ligada ao outro pelos vínculos. Portanto, a perda pela morte é a ruptura irreversível de um vínculo, sobretudo quando ela é real, concreta.
Os sentimentos mobilizados pela perda como morte são possíveis por causa do processo de luto e da sua elaboração. Freud, em “Luto e Melancolia” (1917), define o luto como uma reacção à perda de um ente querido, à perda de alguma abstracção que ocupou o lugar desse ente, desânimo profundo, falta de interesse pelo mundo externo e perda da capacidade de adoptar um novo objecto de amor. Ou seja, o objecto amado não existe mais, o que exige que a libido seja desviada para outro objecto, o que causa grande desagrado. Quando finalmente o trabalho do luto termina, o ego está novamente livre e desinibido.
A morte mesmo sendo comum a todo ser humano, causa muito medo, por ser a única coisa realmente desconhecida e da qual nunca poderemos escapar. Pode também representar o medo da solidão, da separação de quem se ama, o medo do desconhecido, do julgamento por seus actos em vida, do que ocorrerá com os seus familiares e por fim o medo do fracasso na realização de seus objectivos, como se a sua “missão” não pudesse ser terminada. Diante do que foi exposto relativamente à morte pode-se dizer que este é um tema que mobiliza muitas questões, por estar ligado à representação da aniquilação, da doença e da separação daqueles que amamos, por conta disso, podemos dizer que este se torna então um factor extremamente stressante, e como tal, pode estar vinculado ao aparecimento de doenças e por isso merece atenção.
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