Psicologia
Memorias da Mediunidade Faculdade do corpo ou do Espírito?
Memorias da Mediunidade
Faculdade do corpo ou do Espírito?
...os Espíritos devem envolver o córtex cerebral do médium para manifestar-se fisicamente a fala, a escrita, a visão e a audição.
Em decorrência do avanço da Tecnologia na área da Medicina, através da tomografia computadorizada, ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, abriu-se um maior espaço para que os estudiosos da fisiologia da mediunidade possam encontrar uma maior compreensão dos seus mecanismos, envolvendo a função cerebral.
Na atualidade, admite-se, cientificamente, que a atividade mental é uma resultante em termos neurológicos do “concerto de um grupo de áreas cerebrais que interagem mutuamente, constituindo um sistema funcional complexo.”
A ciência espírita, no entanto, nos informa que o homem é um ser tridimensional: Espírito, perispírito e corpo somático, e o que acontece é uma interação da mente com repercussão na estrutura física cerebral, possibilitando a participação desse órgão nos fenômenos inteligentes de ordem mediúnica, porém puramente de origem instrumental.
Recorrendo ainda ao conhecimento espírita, sabemos que somente é possível a comunicação mediúnica devido à existência do perispírito, funcionando como intermediário entre o Espírito e o corpo, com suas propriedades de expansibilidade, penetrabilidade e irnantação, dentre outras, funcionando como elemento mediador.
Allan Kardec, identificando, na parte fenomênica da faculdade mediúnica, a predisposição orgânica, chamou a atenção dos estudiosos em O Livro dos Médiuns, para o fato de que todos os fenômenos de efeitos inteligentes são exteriorizados através do cérebro do médium.
No estágio atual do conhecimento científico, no campo da neurologia, é possível uma compreensão mais clara da faculdade medianímica, como sendo do Espírito, porém radicada no organismo, conforme enunciou o Codificador.
O neurocirurgião Nabor Orlando Facure nos oferece um estudo teórico sobre o assunto em excelente artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo do mês de agosto de 2001, que vamos tomar por empréstimo em alguns pontos para ilustrar e enriquecer as nossas considerações sobre assunto tão palpitante.
Comecemos pelo córtex cerebral, onde se origina a atividade motosa, voluntária e consciente. Ali se encontram todas as percepções sensitivas que chegam ao cérebro e são organizadas todas as funções cognitivas complexas.
A atividade cerebral, para se expressar conscientemente, estabelece uma interação entre o córtex cerebral, o tálamo e a substância reticular do tronco cerebral e o diencéfalo onde se situa o centro da nossa consciência.
Pelo exposto, a psicofonia, a psicografia, a vidência e a faculdade de ouvir os Espíritos devem envolver o córtex cerebral do médium para manifestar-se fisicamente a fala, a escrita, a visão e a audição.
Por sua vez, deve haver uma consonância perfeita entre o Espírito e o médium no intercâmbio espiritual, para propiciar um bloqueio no “sistema reticular ativados ascendente” a fim de que haja uma canalização e filtragem adequadas, no sentido de diminuir ao máximo as cores anímicas da comunicação, para não colocar em dúvida a autenticidade do fenômeno mediúnico.
Os gânglios de base devem funcionar como os controladores do tônus muscular, da postura corporal e de uma série enorme de movimentos voluntários. Observa-se no médium, quando está falando ou psicografando, determinados gestos, ou tomam certas posturas e expressões que fogem aos seus hábitos normais, indicando que está recebendo os impulsos da entidade comunicante.
O médium muda a expressão com características variadas. O sotaque é pausado em uns, a fala costuma ser fluente e rápida em outros. Não raro, o médium assume posturas e gestos incomuns ao seu modo de ser.
Deduz-se desses detalhes que a entidade comunicante se utiliza desse sistema automático para se manifestar com mais rapidez, com menor interferência da consciência do medianeiro e com maior possibilidade de suceder o esquecimento do conteúdo da comunicação.
O tálamo é um núcleo sensitivo por excelência. Exerce um papel receptor, centralizador e seletor das informações sensitivas que se dirigem ao cérebro. Os estímulos externos do tipo dor, tato, temperatura e pressão percebidos em toda extensão do nosso corpo, percorrem vias neurais que terminam no tálamo (centro do cérebro).
Possivelmente, muitas sensações somáticas referidas pelo médium, que diz perceber a aproximação de seres desencarnados, como se eles lhe estivessem tocando o corpo, sejam efeito de estímulos talâmicos. Pela ação do córtex do médium, os estímulos espirituais podem ser facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do sensitivo, bem como por efeito de estados emocionais não disciplinados.
Pelo que acabamos de expor, o fenômeno mediúnico com qualidade depende de fatores mentais, emocionais e físicos, levando o Benfeitor espiritual Manoel P. de Miranda a asseverar que as complexidades que o envolvem escapam ainda em inúmeros detalhes ao conhecimento humano.
Vamos nos abster de falar sobre a influência da glândula pineal, para não complicar ainda mais estas conotações despretensiosas.
Diremos apenas que o pensamento espírita vem dando destaque ao papel da pineal como núcleo gerador de irradiação luminosa, servindo como porta de entrada para recepção mediúnica.
Como podemos notar, a faculdade é do Espírito, porém a aptidão orgânica é indispensável para a exteriorização do fenômeno.
Fonte : Revista Presença Espírita março/abril de 2003
JOSÉ FERRAZ
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