Psicologia
Carl Jung: SÃmbolos e Sonhos
De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de sÃmbolos. Embora nenhum sÃmbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo especÃfico), quanto mais um sÃmbolo harmonizar-se com o material inconsciente organizado ao redor de um arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa, emocionalmente carregada.
Jung está interessado nos sÃmbolos "naturais" que são produções espontâneas da psique individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberadamente criados por um artista. Além dos sÃmbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivÃduo, há também sÃmbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista. "Assim como uma planta produz flores, assim a psique cria os seus sÃmbolos." (Jung, 1964, p.64)
Imagens e termos simbólicos via de regra representam conceitos que nós não podemos definir com clareza ou compreender plenamente. Para Jung, um signo representa alguma outra coisa; um sÃmbolo é alguma coisa em si mesma - uma coisa dinâmica, viva. O sÃmbolo representa a situação psÃquica do indivÃduo e ele é essa situação num dado momento.
Aquilo a que nós chamamos de sÃmbolo pode ser um termo, um nome ou até uma imagem que nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações especÃficas além de seu significado convencional e óbvio. Implica algo vago, desconhecido para nós... Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto "inconsciente" mais amplo que não é nunca precisamente definido ou plenamente explicado.
Os sonhos são pontes importantes entre processos conscientes e inconscientes. Comparado à nossa vida onÃrica, o pensamento consciente contém menos emoções intensas e imagens simbólicas. Os sÃmbolos onÃricos freqüentemente envolvem tanta energia psÃquica, que somos compelidos a prestar atenção neles.
Para Jung, os sonhos desempenham, na psique, um importante papel complementar (ou compensatório). Ajudam a equilibrar as influências dispersadoras e imensamente variadas a que estamos expostos em nossa vida consciente; tais influências tendem a moldar nosso pensamento de diversas maneiras que são com freqüência inadequadas à nossa personalidade e individualidade. "A função geral dos sonhos é tentar estabelecer a nossa balança psicológica pela produção de um material onÃrico que reconstitui, de maneira útil, o equilÃbrio psÃquico total". (Jung, 1964, p.49)
Jung abordou os sonhos como realidades vivas que precisam ser experimentadas e observadas com cuidado para serem compreendidas. Ele tentou descobrir o significado dos sÃmbolos onÃricos prestando muita atenção à forma e ao conteúdo do sonho e, com relação à análise dos sonhos, Jung distanciou-se gradualmente da confiança psicanalÃtica na livre associação. "A livre associação vai trazer à tona todos os meus complexos, mas dificilmente o significado de um sonho. Para entender o significado do sonho, precisamos nos agarrar tanto quanto possÃvel à s suas imagens." (Jung, 1934, p.149). Na análise, Jung traria continuamente seus pacientes de volta à s imagens do sonho, e perguntar-lhes-ia:
"O que dizia o sonho?"
Pelo fato do sonho lidar com sÃmbolos que têm mais de um significado, não pode haver um sistema simples ou mecânico para sua interpretação. Qualquer tentativa de análise de um sonho precisa levar em conta as atitudes, a experiência e a formação do sonhador. É uma aventura comum vivida entre o analista e o analisando. O caráter das interpretações do analista é apenas experimental, até que elas sejam aceitas e sentidas como válidas pelo analisando.
Mais importante do que a compreensão cognitiva dos sonhos é o ato de experienciar o material onÃrico e levá-lo a sério. Um analista junguiano salientou a importância de "tratar nossos sonhos como amigos" e encará-los não como eventos isolados, mas como comunicações dos contÃnuos processos inconscientes. "É necessário que o inconsciente torne conhecida sua própria direção, e nós devemos dar-lhe direito de voto idêntico ao do ego, se é que cada lado deva adaptar-se ao outro. À medida que o ego ouve e o inconsciente é encorajado a participar do diálogo, a posição do inconsciente é transformada daquela de um adversário para a de um amigo, com pontos de vista de algum modo diferentes mas complementares" (Singer, 1972, p.283)
*Leia também:
- Carl Jung: Introdução à Arquétipos e Inconsciente Coletivo
- Carl Jung: Principais arquétipos da personalidade
- Carl Jung: Individuação - Tornar-se si mesmo
- Carl Jung: Obstáculos ao crescimento
Referência: Teorias da Personalidade, 1939. James Fadiman, Robert Frager.
loading...
-
Trt-são Paulo 2008
45. Jung descreveu dois estados da mente humana. Um pouco abaixo da consciência estaria o inconsciente pessoal e em um nÃvel abaixo deste estaria o inconsciente coletivo. O inconsciente coletivo contém (A) o consciente, mas que foi esquecido...
-
A Interpretação Dos Sonhos-o Simbolismo Nos Sonhos.
"Etimologicamente, a palavra ‘sÃmbolo’ vem do grego (symbolon) e era empregada, dentre outras maneiras, para designar as duas metades de um mesmo objeto partido que se aproximavam" (pág. 72.). O emprego do termo expressa não uma...
-
Carl Jung: Obstáculos Ao Crescimento Psicológico
*Para entender melhor este artigo, leia antes sobre o processo de individuação (crescimento psicológico) descrito por Carl Jung: aqui. A individuação nem sempre é uma tarefa fácil ou agradável, e o indivÃduo precisa ser relativamente...
-
Carl Jung: Individuação - Tornar-se Si Mesmo
De acordo com Jung, todo indivÃduo possui uma tendência para a individuação ou autodesenvolvimento. "Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por 'individualidade' entendemos nossa singularidade...
-
Carl Jung: Principais Arquétipos Da Personalidade
Cada uma das principais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a persona, a sombra, a anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self. Quando tornam-se individuados, esses arquétipos expressam-se de maneiras mais...
Psicologia