Alienar-se ou estar consciente de si?
Psicologia

Alienar-se ou estar consciente de si?



As transformações acontecem no mundo, assim como dentro de cada indivíduo. Mas quando não há uma mudança externa e internamente, podemos estar diante de um conceito conhecido como alienação.

A alienação é a diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar e agir por si próprios, é o estado que uma pessoa que foi educada em condições sociais determinadas, se submete aos valores e instituições dadas, perdendo assim a  consciência de seus verdadeiros problemas, se tornando uma pessoa alienada. Em psicologia, o termo "alienação" designa os conteúdos reprimidos da consciência e também os estados de despersonalização em que o sentimento e a consciência da realidade se encontram fortemente diminuídos.

A alienação se caracteriza, ontologicamente, pela atribuição de “naturalidade” aos fatos sociais; esta inversão do humano, do social, do histórico, como manifestação da natureza, faz com que todo conhecimento seja avaliado em termos de verdadeiro ou falso e de universal; neste processo a “consciência” é reificada, negando-se como processo, ou seja, mantendo a alienação com relação ao que ele é como pessoa e, consequentemente, ao que ele é socialmente (LANE, p. 42).

"Ser bem sucedido é ter lucidez"
A alienação social está relacionada com um estado mental do ser humano. Neste estado mental, ele não compreende que é o formador da sociedade e da política, e aceita tudo sem questionar. A alienação social incapacita o pensamento independente do ser humano, e ele passa a aceitar tudo como algo natural, racional ou divino.

Não raramente encontramos pessoas as quais se alienam do mundo e de si mesmas, podendo ser este o modo o qual encontraram de estar no mundo. Reprimem sentimentos, indignações, opiniões e ações; esses conteúdos, supostamente, proporcionariam a elas sair da posição passiva de simplesmente pertencer a determinado grupo social, e consequentemente mobilizariam atitudes ativas para a ação.

"Alienação é o que vende na televisão"
A transformação começa a partir do momento em que o indivíduo encontra-se primeiramente, consciente de si. Porém algumas pessoas não querem deixar de ocupar a posição inerte em que se encontram, simplesmente obedecem e reproduzem, deixando sua capacidade de criticidade e análise de lado, para não mais enxergar a sua verdade, mas sim aquela imposta através de ideologias. 

"Nasce de você a revolução
sufocada atrás da inércia"
Refletir sobre estas contradições e suas consequências fará com que a ação decorrente seja um avanço no processo de conscientização. Se esta reflexão não ocorre, o pensar, a ação, se caracterizará pelo grupo, reproduzindo a ideologia e mantendo o indivíduo alienado. (LANE, p. 43).

Sabiamente Cazuza transformou em canção sua indignação perante a sociedade, suas leis e determinações. “Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro” (Ideologia - Cazuza). Querer ou não, se deixar ou não alienar-se de si mesmo e do mundo como um todo, é direito e dever de cada ser humano.

Deixei-me alienar ao aceitar tudo o que me fora imposto por meus próprios mecanismos de defesa, assim como as determinações sociais. Ao despertar de um mundo paralelo comecei a não mais aceitar tamanha hipocrisia; consciente de mim, me permiti não somente reproduzir, mas sim produzir. Alienar-se ou estar consciente de si?

"Amplifique a forma de pensar"
É importante que sempre haja reflexão, questionamento, compreensão e aprendizado sobre a vida e tudo que a sustenta e que a cerca. Certa vez Albert Einstein disse: "Tristes tempos estes: é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito". Se ele ainda estivesse vivo e olhasse para o Brasil atual talvez dissesse: “Tristes tempos estes: é mais fácil quebrar um átomo do que a alienação desse povo”.

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Referência: LANE, Silvia. Consciência/alienação: a ideologia no nível individual. In: LANE, S. e CODO, W. (org.). Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo: Cortez, 1997.
Legendas:
Viva Lá Revolución - Forfun

Fonte: Psicoque?



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