Terapeutas que sofrem
Psicologia

Terapeutas que sofrem




Saiu ontem no jornal Folha de São Paulo uma interessante  reportagem - que reproduzo integralmente abaixo - sobre o seriado In Treatment (ou Em Terapia), que inicia sua segunda temporada hoje, dia 1° de Junho, às 21:30h na HBO. Infelizmente ainda não consegui assistir a nenhum episódio da série em função de não assinar o canal e de o DVD com a primeira temporada ainda não ter sido lançado no Brasil. Aguardo ansioso por isso! Até lá vou lendo a respeito...

Seriado "Em Terapia" coloca protagonista para sofrer

O psicólogo Paul Weston (Gabriel Byrne) está encrencado. Após ter se apaixonado por uma paciente, se separado da mulher e se envolvido com a morte de um herói de guerra, se muda para o Brooklyn, em Nova York, buscando recomeçar na vida pessoal e na carreira. Nem por isso os problemas dão trégua nesta segunda temporada, que estreia amanhã na HBO. O pai do soldado morto acha seu novo escritório e entra com um processo de US$ 20 milhões contra o médico por negligência --com a qual ele, no fundo, concorda. Sua capacidade de julgamento emocional é colocada em xeque. Quando procura uma firma de advocacia para se defender, reencontra Mia (Hope Davis), ex-paciente que ele abandonou há anos, durante uma crise da vida dela. Autodestrutiva, se culpando por não ter marido nem filhos e se considerando "uma fracassada de sucesso", ela será sua salvação ou ruína? Recém-divorciado, ele ainda enfrenta um espelho do casamento frustrado nos relatos de Oliver, um tímido menino de 12 anos diante da separação - e frequentes brigas-- dos pais. Aos 53 anos, Paul atende também um empresário bem-sucedido com ataques de ansiedade e uma jovem de 23 anos com um linfoma em estágio avançado que ela esconde de toda a família e dos amigos. "Em Terapia" já rendeu um Globo de Ouro para Byrne e deriva de um programa israelense, cujo formato o canal HBO comprou para reproduzir nos EUA. Exibida de segunda a sexta, reúne 35 episódios divididos em quatro sessões semanais com personagens fixos. Na sexta, é a vez de o psicólogo revelar suas dúvidas e fraquezas em terapia com Gina (Dianne Wiest). Produzida por Rodrigo Garcia, filho de Gabriel Garcia Márquez, a série se segura toda nos diálogos, já que não há nenhuma ação que se desenrole fora do consultório. Os personagens não se transportam para os eventos que descrevem nem há flashbacks. A câmera funciona como um fio condutor para a história, focalizando reações, a fluência da conversa e a sensação do ambiente, cada vez que um personagem adentra na sala do médico. Nada de relação cristalina. Eles às vezes mentem ou mascaram alguns atos e o próprio analista quebra os limites éticos de sua profissão. Como já bem mostrava "Huff" (2004), com Hank Azaria no papel principal - que coincidentemente também tinha o terror de um paciente morto--, faz tempo que superamos a necessidade de ver seriados assépticos e honestos. A dubiedade na trama é mais interessante. Após terminar um período regrado de casado e carreira estabilizada, Paul está mais inseguro, com pacientes novos e problemas que parecem refletir o inferno astral da sua vida real. Em ritmo intenso e diário, ele vai desnudar seus medos diante dos nossos olhos de voyeur. Vai sofrer e duvidar de si mesmo. E vamos gostar de ver.

Nunca assisti mas já estou encantado com a série, pois ela parece retratar de forma realista e somente com diálogos, sem flashbacks ou outros recusos cinematográficos, a complexidade de uma sessão de terapia. Só por isso já mereceria minha adimiração. Mas ela vai além e mostra como os terapeutas são pessoas antes de serem terapeutas e que estes também passam por dificuldades, sofrem e erram. Inclusive no trabalho. Mas certamente os bons terapeutas tentam continuamente resolver seus problemas e se desenvolverem enquanto pessoas. Além disso, como disse o psicólogo James Bugental, "o psicoterapeuta faria bem em reconhecer que sua profissão continuamente o pressionará a mudar e a se desenvolver". Essa frase foi retirada da epígrafe de um texto clássico sobre a pessoa do terapeuta. Trata-se do capítulo 13 ("A pessoa e a experiência do terapeuta"), do espetacular livro "Processos Humanos de Mudança - As bases científicas da psicoterapia" (Michael J. Mahoney, Ed. Artmed, 1998 - esgotado, mas encontrável na Estante Virtual [eu comprei o meu por lá]). Todos que pretendem trabalhar ou já trabalham com a área clínica deveriam ler este livro, em especial este capítulo. Fica a dica!




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