Punição, reforço negativo e extinção
Psicologia

Punição, reforço negativo e extinção


A punição, o reforço negativo e a extinção são princípios básicos do comportamento que foram, inicialmente, observados em pesquisas experimentais em laboratório. Cada um desses conceitos se refere a procedimentos distintos. A punição é um procedimento que produz a diminuição da freqüência da resposta punida. Ela pode ser de dois tipos (positiva ou negativa) e essa distinção depende da conseqüência para a resposta punida. Se há um acréscimo de estímulo caracterizamos como positiva, e diferentemente disso, se a conseqüência é a retirada de estímulo dizemos que é negativa. Assim, a apresentação de um estímulo aversivo após a emissão da resposta é uma punição positiva e a retirada de um reforçador positivo após a ação do indivíduo é uma punição negativa. Quando uma criança desobedece a mãe, podemos verificar exemplos de punição. Se ao desrespeitar uma regra, a criança for consequenciada com palmadas terá tido sua resposta punida positivamente. Entretanto se, ao invés disso, a criança receber como conseqüência um castigo no qual ficará sem acesso ao videogame, ela terá tido sua resposta punida negativamente. A extinção se assemelha a punição, pois seu efeito principal também é a redução da freqüência da resposta. Na extinção, porém, o princípio é diferente: uma resposta, anteriormente reforçada positivamente, deixa de ser seguida por essa conseqüência e passa a ser ignorada. Por exemplo, ao avistar uma colega na rua, uma pessoa acena e, se não obtém resposta, tenta novamente. Caso ela seja ignorada mais uma vez, deixa de tentar. Podemos dizer, então, que o comportamento de acenar sofreu extinção. No reforçamento negativo uma resposta é consequenciada com a retirada de um estímulo aversivo e tem assim, sua freqüência aumentada. Um indivíduo, ao estar em contato com vento no rosto em um dia gelado, fecha a janela do carro para evitar o frio, por exemplo. O reforço negativo (o qual pode ser identificado como evento aversivo) é o vento frio.
Apesar de a punição, a extinção e o reforço negativo serem princípios comportamentais diferentes, eles se relacionam. A punição e a extinção são procedimentos que tem em comum o enfraquecimento da resposta, no entanto, produzem efeitos colaterais (basicamente sentimentos) diferentes. Assim, enquanto a punição enfraquece a resposta indesejada rapidamente e gera sentimentos de medo e ansiedade, a extinção tem seu efeito de supressão da resposta em longo prazo e gera frustração. Ambos podem gerar raiva e comportamentos de contracontrole. Além disso, a punição e o reforçamento negativo podem estar relacionados. Uma pessoa, ao ter uma resposta punida experimentará com isso, uma condição aversiva. Ela poderá, diante disso, emitir uma resposta de fuga/esquiva da situação que será reforçada negativamente pela retirada da condição aversiva. Assim, diante de uma punição, o indivíduo tem a possibilidade de emitir uma resposta que amenize a aversividade da punição ou a evite.
Há divergências relevantes sobre procedimentos e conceitos entre os analistas do comportamento ainda em debate. Para mencionarmos algumas: há autores (Skinner e Sidman) que excluem da definição da punição os efeitos comportamentais do procedimento (uma resposta produz um evento aversivo), enquanto outros (Azrin, Ferster, Catania) propõem que há necessidade de incluir o efeito do enfraquecimento da resposta punida (uma resposta produz um evento aversivo e ocorre enfraquecimento de tal resposta). Outro tema controverso é a distinção entre reforçamento positivo e negativo, a qual tem sido minimizada por alguns autores (Jack Michael, por exemplo), os quais sugerem que se fale em reforçamento simplesmente. Ainda mais, tem havido debates construtivos entre os analistas do comportamento sobre o efeito e a adequabilidade do uso da punição. Há convergência sobre a inadequação do uso de procedimentos punitivos ou coercitivos em geral. Questiona-se também se os efeitos da punição são duradouros (quanto a enfraquecer comportamentos indesejados). Sabe-se que punição não instala comportamentos desejados. Finalmente, reconhece-se os efeitos emocionais – em geral negativos – do uso de procedimentos punitivos. Usar ou não a punição e sob que condições usá-la é um ponto polêmico em debate. Essas são discussões que não se esgotaram e, pela complexidade dos temas, merecem ser apresentadas – se for o caso – em texto específico.

¹Note que os termos “positivo” e “negativo” são usados no sentido aritmético: positivo é igual a adição, soma acréscimo; negativo é igual a subtração, retirada. Não há, nos termos, implicação de valor.


Texto de Marisa Richartz, Cursando Especialização em Terapia por Contingências de Reforçamento - ITCR - Campinas/SP
Para ter acesso ao original clique aqui



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