ENCOPRESE INFANTIL
Psicologia

ENCOPRESE INFANTIL


Encoprese é uma doença relativamente comum na infância que continua a ser mal compreendida, por esta razão, é importante explicá-la.
  

“do grego em-kópros-osis, etimologicamente,
processo patológico não inflamatório que afeta a defecação”. (Miguel Ângelo Simon)

Encoprese Infantil denomina uma situação de dificuldade que algumas crianças apresentam para controlar adequadamente os esfíncteres. Pode-se constatar através de variações na quantidade e consistência de fezes na cueca ou calcinha e em outros lugares impróprios, na ausência de patologia orgânica.

Diversos estudos realizados com criança puderam constatar que a encoprese é uma doença Psicofisiológica do trato gastrintestinal â€œno qual se constata a existência de uma importante interação entre eventos ambientais, hábitos comportamentais, experiência emocional e fisiologia anorretal.” (Simon, 1996).

Segundo o DSMIV os critérios para o diagnóstico são:
·                     Critério A - Evacuação repetida de fezes em locais inadequados (por ex., roupas ou chão), seja voluntária ou involuntária.
·                     Critério B - O evento deve ocorrer pelo menos uma vez por mês por no mínimo três meses
·                     Critério C - A idade cronológica da criança deve ser de pelo menos quatro anos (ou, para crianças com atrasos no desenvolvimento, uma idade mental mínima de quatro anos).
·                     Critério D - A incontinência fecal não deve ser devida exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., laxantes) ou a uma condição médica geral, exceto através de um mecanismo envolvendo obstipação.

A encoprese já definida claramente, temos também que classifica-la em:
Primária â€“ ausência de controle, ou seja, a criança nunca adquiriu o controle voluntário dos mecanismos de evacuação
Secundária â€“ perda de controle, ou seja, a criança chegou a desenvolver o controle voluntário dos mecanismos de evacuação, então ocorre à regressão. 

Há dois subtipos importantes:
Retentiva â€“ consequência da constipação crônica com incontinência por transbordamento.
Não retentiva - refere-se à sujidade inadequada, sem evidência de prisão de ventre e retenção fecal. Uma causa orgânica para a encoprese não retentivo raramente é identificado. A avaliação médica é geralmente normal, e sinais de constipação são visivelmente ausentes.

Aproximadamente 80-95% das crianças com encoprese têm uma história de constipação ou evacuações dolorosas. Os restantes 50-20% tem encoprese não retentivo, no entanto, muitas destas crianças têm uma história remota de constipação ou defecação dolorosa ou demonstram evacuação incompleta durante a defecação ao exame físico ou a avaliação radiográfica.

Muitas vezes, a encoprese é acompanhada por algum grau de desordem das emoções ou comportamento. Não é clara a linha de separação que acompanha uma desordem de emoções e distúrbios comportamentais. Estudos  sugerem que a maioria das dificuldades comportamentais associadas com encoprese pode ter a encoprese como resultado e não a causa.

A criança com encoprese frequentemente sente vergonha e pode ter o desejo de evitar situações (por ex., acampamentos ou escola) que poderiam provocar embaraços. O grau de prejuízo está relacionado ao efeito sobre a autoestima da criança, seu grau de ostracismo social por seus companheiros e raiva, punição e rejeição por parte dos responsáveis por seus cuidados. O fato de a criança sujar-se com fezes pode ser deliberado ou acidental, resultando de sua tentativa de limpar ou esconder as fezes evacuadas involuntariamente. Quando a incontinência é claramente deliberada, características de Transtorno Desafiador Opositivo ou Transtorno da Conduta também podem estar presentes. Muitas crianças com encoprese também têm enurese.

O treinamento inadequado e inconsistente do controle esfincteriano e o estresse psicossocial (por ex., ingresso na escola ou o nascimento de um irmão) podem ser fatores predisponentes.

A encoprese pode persistir com exacerbações intermitentes por anos, mas raramente se torna crônica.

Algumas causas:
- Predisposição física ineficiente para a função intestinal e motilidade
- Tratamento prolongado com laxantes e supositórios.
- Fissuras anais.
- Prisão de ventre.
- Pacientes com dietas de partida para a constipação.
- Causas de origem emocional.
- Comum em crianças com autismo ou graves distúrbios emocionais.

A criança pode perceber a evacuação como uma experiência negativa e segurar as fezes por medo das consequências do resultado sujo e, como consequência, será retido resultando em encoprese. 

Em qualquer idade, estresse psicossocial ou doença pode determinar a regressão do controle intestinal ou uma mudança nos hábitos intestinais que podem melhorar a encoprese.
  
Encoprese é mais comum durante o dia que à noite.
  
O sucesso do tratamento da encoprese requer uma combinação de terapia médica, intervenção nutricional e intervenção terapia comportamental. 

A psicoterapia ajudará a criança a lidar com os sentimentos associados de vergonha, culpa, isolamento, baixa autoestima.  
  
Pensar que é um problema temporário pode levar a complicar o quadro.

Por: Simone Barbosa Pasquini

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões



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