Desmistificando o Inconsciente
Psicologia

Desmistificando o Inconsciente


Não existe uma concepção única do inconsciente e seu funcionamento.
O texto freudiano permite várias leituras, o que leva a existência de diferentes orientações clínicas.
Para Freud, o inconsciente é a verdadeira realidade psíquica, em sua natureza mais íntima, é tão desconhecido de nós quanto a realidade do mundo externo e é tão incompletamente apresentado pelos dados da consciência quanto o mundo externo pelas comunicações de nossos órgãos sensoriais.
Freud inicia seu pensamento, dizendo que cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos mentais parecem ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. O ponto de partida dessa investigação é o fato da consciência.

Inconsciente, Pré-Consciente e Consciente

No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido, mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.
O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força emocional.

"Aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada".



"A suposição do inconsciente é necessária porque os dados da consciência apresentam um número muito grande de lacunas; tanto nas pessoas sadias como nos doentes. Ocorrem com frequência atos psíquicos que só podem ser explicados pela pressuposição de outros atos, para os quais, não obstante, a consciência não oferece qualquer prova. (...) esses atos se enquadrarão numa ligação demonstrável, se interpolarmos entre eles os atos inconscientes sobre os quais estamos esperando. (...) a suposição da existência de um inconsciente nos possibilita a construção de uma norma bem sucedida, através da qual podemos exercer uma influência efetiva sobre o curso dos processos conscientes (...). (Freud, 1915)."

Por inconsciente Freud postula que há conexões entre todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento parece não estarem relacionadas aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estariam no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. "Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência é obrigada a supor - devido a um motivo tal que inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nada sabemos" .

Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.
Segundo este princípio, para todo evento há uma causa.
Nada ocorre ao acaso. Se um evento parece ocorrer espontaneamente, isto se deve aos elos entre os eventos e pensamentos anteriores, ocultos no inconsciente.
Como indicadores da existência do inconsciente, Freud cita os sonhos, os sintomas, a hipnose, as parapraxias (são manifestações de intenções perturbadoras do inconsciente em nossa atividade consciente) entre outros. Esclarecendo de forma didática:

"Denominamos inconsciente um processo psíquico cuja existência é obrigada a supor — devido a algum motivo tal que o inferimos a partir de seus efeitos —, mas do qual nada sabemos. Nesse caso, temos para tal processo a mesma relação que temos com um processo psíquico de outra pessoa, exceto que, de fato, se trata de um processo nosso mesmo. Se quisermos ser ainda mais corretos, modificaremos nossa assertiva dizendo que denominamos inconsciente um processo se somos obrigados a supor que ele está sendo ativado no momento, embora no momento não saibamos nada a seu respeito. Essa restrição faz-nos raciocinar que a maioria dos processos conscientes é consciente apenas num curto espaço de tempo; muito em breve se tornam latentes, podendo, contudo, facilmente tornar-se de novo conscientes. Também poderíamos dizer que se tornaram inconscientes, se fosse absolutamente certo que, na condição de latência, ainda constituem algo de psíquico".

Por Garcia - Roza: Se os conteúdos latentes dos sonhos fossem caóticos e ininteligíveis, não haveria motivo para serem distorcidos pela defesa".

A função da censura é distorcer o conteúdo latente dos sonhos para que o manifesto surja de forma ininteligível (que não se pode compreender).
Freud propõe uma consciência que não se mostra, mas de outra coisa inteiramente distinta; fala-nos de um sistema psíquico, o Ics (Inconsciente) que se contrapõe a outro sistema psíquico, o Pcs/Cs (Pré Consciente/ Consciente) que é em parte inconsciente, mas que não é o inconsciente. Ou seja, parte dos processos que compõem o sistema Cs/Pcs pode ser inconsciente, mas nem todo processo inconsciente faz parte do Cs/Pcs e sim, do sistema Ics.

Freud formulou duas teorias para a explicação do aparelho psíquico, o que se costuma denominar tópicas. 
A primeira tópica elenca (enumera/lista) tres sistemas, Inconsciente (Ics), Pré-consciente (Pcs), e Consciente (Cs).
Assimila o Cs como um dispositivo do sistema Pcs, com a função de atenção, ficando então apenas uma grande divisão, entre Ics e Pcs-Cs:

Percepção______________Ics____:_____Pcs_____________Consciência

Neste primeiro momento, Freud sugere a idéia de certa organização, de uma disposição interna, onde cada sistema tem sua função.

Recapitulando:

 Inconsciente:
*                 É constituído por conteúdo recalcado pelos quais foi recusado o acesso aos sistemas pré-consciente e consciente;
*                   Características do inconsciente;
*                  Seus conteúdos são representantes das pulsões;
*              Estes conteúdos são regidos pelos processos primários da condensação e do deslocamento;
*                Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à consciência, mas só podem ter acesso aos outros sintomas nas formações de compromisso;
*     São desejos de infância que ficam fixados no inconsciente;
*      Ausência de negação, de dúvida;
*     Atemporalidade (característica daquilo que é atemporal; que não pode ser afetado pelo tempo);
*      Indiferença perante a realidade;
*      Funcionamento ditado exclusivamente pelo princípio do prazer-desprazer;

Pré-consciente
         Do ponto de vista tópico: está situado entre o inconsciente e o consciente;
         Está separado do primeiro pela censura, que procura barrar aos conteúdos inconscientes o caminho para o pré-consciente e para a consciência. Na outra extremidade, comanda o acesso à consciência (segunda censura: deforma menos do que seleciona);
         O pré – consciente se diferencia do inconsciente, pois aqui a energia se encontra ligada e funciona de acordo com o processo secundário. O pré consciente está ligado a linguagem verbal, às representações palavra;
         Os conteúdos pré-conscientes não estão presentes no campo atual da consciência, mas estão disponíveis à lembrança.

Consciente
Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momentos. O interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e Inconsciente.
         É a função do sistema percepção-consciência. Recebe tanto as informações do mundo exterior quanto do mundo interior
         Ponto de vista tópico: está localizado na periferia do aparelho psíquico;
         Ponto de vista econômico: dispõe de uma energia livremente móvel, suscetível de sobre investir este ou aquele elemento (mecanismo de atenção);
         Ponto de vista dinâmico: desempenha o papel de evitação consciente do desagradável, é útil ao tratamento, pois auxilia diretamente na tomada de consciência;
         A consciência é a fase subjetiva de uma parte dos processos físicos que se produzem no sistema neurônico;

Os processos inconscientes que facilmente tornam-se conscientes pertencem ao sistema Pcs enquanto os processos inconscientes, que são difíceis de vencer a censura, pertencem ao sistema Ics, pois não chegam ao sistema Pcs-Cs pela ação do recalque.


*Noutro momento escrevo sobre a segunda tópica.



loading...

- Trt-são Paulo 2008
45. Jung descreveu dois estados da mente humana. Um pouco abaixo da consciência estaria o inconsciente pessoal e em um nível abaixo deste estaria o inconsciente coletivo. O inconsciente coletivo contém (A) o consciente, mas que foi esquecido...

- Regressão
 Curso de Psicanálisehttps://www.portaleducacao.com.br/psicologia/cursos/326/curso-de-psicanalise-teoria-e-tecnica Dá-se a regressão:“Quando, num sonho, uma idéia é novamente transformada na imagem sensorial de que originalmente...

- Questões De Concurso - Psicanálise
Demasp- Barbacena consulplan 2008 Questão 21. Sobre a teoria psicanalítica freudiana são considerados conceitos principais, EXCETO: A) Inconsciente. B) Determinismo psíquico. C) Inconsciente coletivo. D) Libido. E) Catexia. INCONSCIENTE...

-
Desenvolvimento ao longo da infância e da adolescência ... Freud e o Desenvolvimento Pessoal ...    Freud considera que a compreensão do comportamento exigia uma análise dos fenómenos psíquicos e, desse modo, enfatizava as motivações...

-
Psicologia ...    O termo “Psicologia” foi introduzido no século XVI (1590) por Rudolph Goclenius e a sua raiz etimológica provém de duas palavras: psyqué ® alma, mente, soprologos ® ciência, razão, estudo, conhecimento ...



Psicologia








.